Sunday, November 09, 2008

Estrela Bailarina


Uma estrela no céu,
dança um tango com a lua.
Cada passo da estrela,
ilumina toda rua!

Poema selecionado para o "Poemas no Ônibus e no Trem 2009".

Wednesday, November 05, 2008

Frutas Estrelas - Carambolas!!!

Carambolas!
Frutas estrelas caíram do céu no outono.
Carambolas!
Frutas estrelas andaram pela cidade, perfumando a primavera.
Carambolas!
E, no verão, Carambolas!
Frutas estrelas se dividiram e voltaram aos céus.

Saturday, September 27, 2008

Acaso

Não se escolhe ser poeta,
o espanto acontece na ausência presente.
Nas testas franzidas, pele sem rugas,
no apelo dos olhos, a revolta do umbigo.

Tuesday, July 29, 2008

Paixão

Ouvi no assobio do vento um recital,
A alma das palavras estava lá: emaranhada em fios verdes, dançando em cristais coloridos.
Quando tentei desviar do devaneio sonoro, meu peito sangrava.

Monday, July 28, 2008

Alma Feminina

Canso-me da base, do pó, do blush, do rímel e do batom
Dos cabelos escovados até nos dias de febre
De não ser forte para esconder a fragilidade de um cruzar de pernas entrelaçadas
Das botas, do salto alto, da cinta-liga e dos fetiches
O objeto me cansa
A alma (devaneia, faz rima) descansa.

Tuesday, July 01, 2008

Poesia sobre a lembrança

"Se apenas um pote de ambrosia me restasse
Não seria qualquer pote de ambrosia.
Seria aquele com os ovos das galinhas lá de fora,
gemas tão amarelas que deixavam os flocos brilhando como vaga-lumes
Aquele que ficava pendurado como um lampião à meia luz,
adocicando o ar, na última prateleira do armário, que eu nunca alcançava.
O gosto amargo do pote de ambrosia
é tão doce que hoje me enjoa."



Este post é resultado dos exercícios propostos nas aulas da Oficina de Poesia do poeta e escritor Fabrício Carpinejar, da qual faço parte. Mesmo não acreditando em regras para que uma pessoa se torne poeta, decidi conhecer as regras primeiro para depois poder criar as minhas próprias. "Segundo Maiakovski, chama-se poeta justamente o homem (ou mulher) que cria estas regras poéticas."

Monday, June 23, 2008

O quadro

O quadro mudou com a casa
Saiu de casa
Ficou pendurado no aquário
Morou no armário
Cresceu com a família
Só depois achou o seu lugar
Nina ama o quadro que estava na casa da avó.

A Casa

Uma porta aberta no porão
As paredes, o tablado, as fotografias e as àrvores
Tudo cinza agora
Mas, na cozinha ouço crianças brincando
de bilboquê
E o cheiro da moranga caramelada inunda o ar
com tons quase maduros

Thursday, May 29, 2008

"A fotografia é a poesia em imagem"

MARAVILHAS

As pirâmides do deserto?
Grãos de areia
que deram certo.

Wednesday, May 28, 2008

Capitão Francisco Espinosa

Não me ensinaram a sentir saudades
A não ter teu ossinho saltado para massagear
Não me ensinaram a sentir saudades
A não olhar para tua careca cor de rosa e indagar: por quê é cor de rosa a tua careca?
A não ouvir mais a velha história que eu achava que nunca ficaria velha
Não me ensinaram ou eu não quis aprender
Que a fruta cai do pé quando a semente amadurece
Que duas metades de uma laranja que ficaram 50 anos juntas não viveriam um ano separadas
Que o homem das mãos de caramujos na beira da praia ficaria para sempre estampado na memória da garota da saia crepom
Não me ensinaram a sentir saudades e sempre que eu tento o gosto do sal chega antes a minha boca.

Tuesday, May 20, 2008

QUEIXA

Minha queixa é o meu queixo.
Parece um queijo exótico com um furo
no meio,
A lua em sua fase minguante,
lembra o perfil de minha face,
com o queijo exótico cravado em seu semblante,
O furo é minha marca registrada.

Thursday, May 08, 2008

TAMANCO DE MADEIRA

O sapato da minha infância
Foi um tamanco de madeira
Com a cara de um gato estampada
nas suas tiras vermelhas

Meu tamanco era manco
Tinha gingado: um salto quebrado no pé esquerdo
Dava vida ao meu rebolado

Eu era tão criança e quando subia naquele tamanco me descobria tão adulta
Hoje, sou tão adulta e ainda sinto saudades do meu tamanco de infância.