Thursday, September 08, 2011

da cia do travesseiro

Em chamas, 
a vela derrama
monumentos de cera
sobre a cabeceira da cama.
No escuro,
o choro baixinho
molha a seda
sobre o travesseiro da dama.























Monday, August 01, 2011

do verso perdido

E assim amanhece
outro dia
Outra manhã que esconde
e a tarde que não revela...
Quando e onde tranquei sem as chaves?
Procuro até o entardecer
Reviro memórias, discos antigos, dvd's
Canso
E assim anoiteço
Encontro em outras vozes e
só em sonhos 
ela
nitidamente aparece
Assim em mim acontece
a poesia.

Thursday, July 14, 2011

do presente

Te quero só hoje e nenhum outro dia porque

é o tempo presente que nos pertence.

Hoje sou tua.

Hoje és meu.

Se amanhã, me perguntares o que sinto por ti.

Responderei o mesmo que te disse ontem:

Hoje, te amo sempre.

Wednesday, May 04, 2011

do silêncio

O silêncio com sua voz adocicada
grita em alto e bom tom
o que a linguagem
não consegue traduzir em som

Ele nos aperta o peito
com palavras mudas
e rimas um tanto quanto absurdas

Sem nenhum direito
permanece ali
CALADO

Como se nada houvesse
PASSADO.

Thursday, March 17, 2011

da pertença

Meu endereço é
uma usina, o cais, o porto, o rio

amor em desvario

Moro onde
a alma não se esconde

Quintana, Meireles, Drummond
Pessoa, Leminsky, Poe

Meu destino é
mato, praia, dia, lua, mar

ou qualquer lugar
onde
a poesia seja

AR.

Tuesday, March 08, 2011

da apreensão

De repente
a vida mudou rumos de lugar
o que tínhamos escorreu-me pelas mãos
o teu cheiro não encontro pelo ar


eu tento
fecho os olhos
respirar


mas, lá fora a brisa queima
meu corpo com outras mãos
eu fujo para não te encontrar
eu temo o que possa acontecer


amor,
eu fecho os olhos

tento relaxar

lá fora, há outros destinos
eu temo o que possa acontecer
eu temo, de repente:

A M O R

Monday, February 28, 2011

dos anseios

A boca sem o teu gosto

sente

o peito bater

dormente

os olhos piscam

saudade

o corpo anseia

novidade.

Saturday, February 19, 2011

Plástica ou plástico?

Mágico mundo
este da plástica e dos espelhos


Na forma e na imagem,
põe em ordem tudo que pode ser arrumado


Miragem aos olhos desavisados,
ávidos por conteúdo e significado


Mas a verdade,
côncava,
está lá, refletida em algum lugar:

raso, cuidado!

Não mergulhar.

Thursday, February 17, 2011

do tempo

O tempo vai me assim
Escorrendo pelas mãos
Trinta segundos
Sessenta minutos
Três semanas ou nove meses
Que números são, senão,
batidas subtraídas de meu coração?

Sunday, February 06, 2011

Lembrar é preciso para esquecer

Eu não vou te procurar embaixo de outros lençois,
nem no suor de outros corpos,
ou, entre outros gozos.
Como assombração,
você vai aparecer.
Num gesto, num cálice de vinho, numa palavra,
ou num Chico, tocando ao fundo.
Quando isso acontecer, eu vou olhar e sorrir
o sorriso mais doce que havia guardado para você.
Pois é preciso lembrar do que fui,
para esquecer.

Thursday, January 20, 2011

da paixão

Tropecei no sino que bate em meu peito
Caí em seu ritmo vibrante

dancei
Inebriada pela sensação de estar flutuando

dancei
Eu dançaria eternamente a mesma música,
mas por algum motivo ela parou

DANCEI

Meu coração quis pular pela garganta, depois pelo umbigo e agora ficou assim: inconstante.
Me sinto estranha tentando ouvi-lo.
Sou eu que não quero tropeçar em seu ritmo novamente?
O tempo dirá.
Por enquanto, quero dançar sozinha.