Tuesday, July 29, 2008

Paixão

Ouvi no assobio do vento um recital,
A alma das palavras estava lá: emaranhada em fios verdes, dançando em cristais coloridos.
Quando tentei desviar do devaneio sonoro, meu peito sangrava.

Monday, July 28, 2008

Alma Feminina

Canso-me da base, do pó, do blush, do rímel e do batom
Dos cabelos escovados até nos dias de febre
De não ser forte para esconder a fragilidade de um cruzar de pernas entrelaçadas
Das botas, do salto alto, da cinta-liga e dos fetiches
O objeto me cansa
A alma (devaneia, faz rima) descansa.

Tuesday, July 01, 2008

Poesia sobre a lembrança

"Se apenas um pote de ambrosia me restasse
Não seria qualquer pote de ambrosia.
Seria aquele com os ovos das galinhas lá de fora,
gemas tão amarelas que deixavam os flocos brilhando como vaga-lumes
Aquele que ficava pendurado como um lampião à meia luz,
adocicando o ar, na última prateleira do armário, que eu nunca alcançava.
O gosto amargo do pote de ambrosia
é tão doce que hoje me enjoa."



Este post é resultado dos exercícios propostos nas aulas da Oficina de Poesia do poeta e escritor Fabrício Carpinejar, da qual faço parte. Mesmo não acreditando em regras para que uma pessoa se torne poeta, decidi conhecer as regras primeiro para depois poder criar as minhas próprias. "Segundo Maiakovski, chama-se poeta justamente o homem (ou mulher) que cria estas regras poéticas."